Papa: a memória da vocação reaviva a esperança
"Recordar-se
de Jesus, do fogo de amor com o qual um dia concebemos a nossa vida como um
projeto de bem e reavivar com esta chama a nossa esperança" é "uma
dinâmica fundamental da vida cristã".
O
Papa Francisco concentrou sua catequese da Audiência Geral desta quarta-feira –
que voltou a ser realizada na Praça São Pedro -na relação entre memória e
esperança, com particular referência à memória da vocação.
E
para ilustrar isto, usou como exemplo o chamado dos primeiros discípulos de
Jesus, uma experiência que ficou de tal forma impressa em suas memórias, que
João já idoso chegou até mesmo a precisar a hora: "Eram cerca de 4 horas
da tarde".
Após
a frase pronunciada às margens do Jordão por João Batista "Eis o Cordeiro
de Deus", Jesus ganha dois novos jovens seguidores, a quem pergunta:
"Que procurais?".
"Jesus
- observou o Papa - aparece nos Evangelhos como um especialista de coração
humano. Naquele momento, havia encontrado dois jovens que estavam buscando, com
uma saudável inquietude":
"Com
efeito, que juventude é uma juventude satisfeita, sem uma busca de sentido? Os
jovens que não buscam nada não são jovens, estão aposentados, envelheceram
antes do tempo. É triste ver jovens aposentados. E Jesus, em todo o Evangelho,
em todos os encontros que lhe acontecem ao longo do caminho, aparece como um
"incendiário" dos corações".
Por
isso faz a pergunta "o que procurais?", justamente para “fazer
emergir o desejo de vida e de felicidade que cada jovem traz dentro”.
Então,
Francisco pergunta aos jovens que estão na Praça São Pedro e aqueles que
acompanham pelos média:
“Tu,
que és jovem, o que procuras? O que procuras no teu coração?”
E
foi assim que começou a vocação de João e de André, dando início a uma amizade
com Jesus tão forte, que criou uma comunhão de vida e de paixão com Ele. E esta
convivência com Jesus, transformou-os logo em missionários, tanto que seus
irmãos Simão e Tiago também passam a seguir Jesus.
"Foi
um encontro tão tocante, tão feliz, que os discípulos recordarão para sempre
aquele dia que iluminou e orientou a juventude deles", ressaltou o Papa.
Francisco
diz a seguir que a própria vocação neste mundo pode ser descoberta de
diferentes maneiras, "mas o primeiro indicador é a alegria do encontro com
Jesus":
"Matrimônio,
vida consagrada, sacerdócio: cada vocação verdadeira inicia com um encontro com
Jesus que nos dá alegria e uma esperança nova; e nos conduz, mesmo em meio às
provações e dificuldades, a um encontro sempre mais pleno, cresce, aquele
encontro, maior, o encontro com Ele e à plenitude da alegria".
O
Papa observa então, que "o Senhor não quer homens e mulheres que o sigam
de má vontade, sem ter no coração o vento da alegria", perguntando aos
presentes: “Vocês, que estão na praça, vocês têm o vento da alegria? Cada um se
pergunte: eu tenho dentro de mim, no coração, o vento da alegria?”:
"Jesus
quer pessoas que tenham experimentado que estar com Ele traz uma felicidade
imensa, que pode ser renovada a cada dia da vida. Um discípulo do Reino de Deus
que não é alegre, não evangeliza este mundo, é um triste. Nos tornamos
pregadores de Jesus, não aperfeiçoando as armas da retórica: tu podes falar,
falar, falar, mas se não existe uma outra coisa, como pode se tornar pregador
de Jesus? Tendo nos olhos o brilho da verdadeira felicidade. Vemos tantos
cristãos, também entre nós, que com os olhos te transmitem a alegria da fé: com
os olhos!”.
Por
isto o cristão - assim como o fez a Virgem Maria - deve proteger "a chama
de seu enamoramento":
"Certamente,
existem provações na vida, existem momentos em que é necessário seguir em
frente não obstante o frio e os ventos contrários. Porém os cristãos conhecem o
caminho que conduz àquele fogo sagrado que os acendeu uma vez para
sempre".
O
Papa por fim, alerta para não darmos atenção à quem nos tira o entusiasmo e a
esperança, mas a sonharmos com um mundo diferente e cultivarmos sãs utopias:
"Mas
por favor, recomendo: não demos ouvidos às pessoas desiludidas e infelizes; não
escutemos quem recomenda cinicamente para não cultivar esperanças na vida; não
confiemos em quem apaga ao nascer cada entusiasmo, dizendo que nenhuma empresa
vale o sacrifício de toda uma vida; não escutemos "velhos" de coração
que sufocam a euforia juvenil. Procuremos os velhos que têm os olhos
brilhantes de esperança! Cultivemos, pelo contrário, sãs utopias: Deus nos quer
capazes de sonhar como Ele e com Ele, enquanto caminhamos bem atentos à
realidade. Sonhar um mundo diferente. E se um sonho se apaga, voltar a sonhá-lo
de novo, indo com esperança à memória das origens, aquelas brasas que, talvez,
depois de uma vida não tão boa, estão escondidas sob as cinzas do primeiro
encontro com Jesus".
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